sexta-feira, 7 de março de 2008

Um se, outro dia

Se,se,se...
Tudo poderia ter sido diferente o tempo todo.
Eu poderia estar tomando café da manhá, se não estivesse, como sempre, atrasada.Poderia chegar mais cedo, se não tivesse ligado o computador.
E o jornal quase nunca, uma unidade de medida um tanto quanto safada, diga se por sinal, traz o que realmente aconteceu ontem. O que aconteceu ontem?
O motorista do onibus, estava todo sorriso, minha nega pra lá, minha nega pra cá, pára no ponto da Antero de Quental, e o fiscal parece ter sido agraciado com mesma felicidade, aliás, nunca entendi essa felicidade do pobre, quanto mais feliz ou mais puto, mais alto ele fala, e se dois deles se juntam, eu sempre fico na dúvida se eles estão brigando ou se estão confraternizando.
E continua, minha nega pra lá.
A nega sentada no primeiro assento, ao lado direito do motorista, finge de durona, faz que não cai no galanteio, mas ajeita o cabelo a cada vento mais forte, a cada mulher mais bonita que sobe as escadas, olha para ele como que tentando perceber se ele está admirando aquela mulher como ele está fazendo com ela. Corta todas as cantadas, mas no fundo acredita que tudo poderia ser verdade, tudo poderia ser de verdade.

- minha nega, voce já vai?
ah!meu onibus ficou vazio!bom trabalho, até amanhã.
E ó, num vai pegar outro amanhã não heim?!

E lá vai ela rebolante e passando a frente do motorista, dessa vez
atravessando a rua no sinal fechado, lenta, finjindo apressada
e cheia de compromissos.

- Ah essa nega...

O trocador até então quieto solta aquela risada.- Olha que um dia ela te põe na parede.
e se...

- Que isso rapaz, a nega lá de casa num troco por mulher nenhuma!
tá maluco!Amo aquela mulher.

Uma loura entra e o assunto se encerra.

MK

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