quinta-feira, 13 de março de 2008

Supermercado

Isso mesmo querido Jabor, a arte acabou no supermercado.
Quem quer, quem pode e escolhe, consome.
Eu que não vivi os tais bons tempos,
passei o dia pensando em um poodle punk,
na falta de tinta da impressora,
na revolta de mentira,
no buraco do estofado.

E ainda assim, meu banco me ligou, para o meu celular.
Eles não estavam tentando vender nenhum serviço, tratava -se apenas de uma pesquisa com os clientes.
Deixei bem claro que não confirmaria dado nenhum.
Do outro lado da linha uma mulher falando um excelente portugues, sem nenhum sotaque regional, disse todos os meus dados, os bancários e os pessoais, como ela mesmo anunciou.
-Tenho os seus dados pessoais
-Pois não, então diga a que veio?
Perguntou se tenho algum plano especial em mente para esse ano.
- Como assim?
Algumas opções foram citadas, mas só consigo lembrar da palavra viagem.
-Claro que sim.Respondi rapidamente, mas no fundo nada de especial em mente.

Silencio na ligação.
- E voce pode me dizer qual é?
- Claro que não!
Então ela repete todo o texto, exatamente com as mesmas pausas e palavras.
- Que tipo de pergunta é essa?
Pausa
- Faz parte da nossa preocupação conhecer nossos clientes.
- Quem sabe um dia não marcamos um chopp então, voce deverá me convidar, pois não tenho o seu número.
Aí, até lá, penso em algum plano especial para 2008.
-Ah, sobre o plano especial, tenho sim e é urgente, ir ao supermercado.

E fui até o supermercado.
A minha empregada é uma artista.
Ela cozinha o broccoli al dente.


MK

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