segunda-feira, 10 de março de 2008

Domingo passado em dois blocos_Bloco 2: o dormir

RESOLVI MATAR ALGUEM

Resolvi matar alguém e esse alguém não sou eu.
Um blog foi o assunto da pauta do meu dia, passei algumas horas lendo, mentira, alguns minutos que se somados podem até virar horas.O fato é que me sinto extremamente doentia escrevendo um monte de coisas e enviando por e-mail.
Aí resolvi olhar uns blogs, fiquei arrasada, pois percebi que não sei escrever.
A menina que escreve me faz morrer de rir, quando digo morrer, é lógico que é por dentro e normalmente dura alguns segundos, de qualquer maneira, ela escreve, de um jeito que vc se pergunta, por que não escrevi isso antes? Ela fala da vida, do cotidiano, de shows incríves, de encontros com pessoas mais incríveis ainda.E analisa como ninguém um bloco de carnaval onde o que voce mais deseja é poder arrancar os cabelos, como voce pode fazer com a peruca de tão quente que está.
Ela é bailarina e desliza poesia no seu andar estonteante.
Nos olhos grandes e negros diz tudo aquilo com muita sabedoria.
E o pior de tudo nem consigo invejá-la, pois ela é minha amiga e só eu sei o que eu sou como amiga.
Ela me fala - me mostra o que voce escreve- e rápidamente respondo - não gosto do que eu escrevo, a tematica é sempre a mesma.Acho que deveriam me contratar para escrever cartas de amor, mais precisamente de términos.
Acho que não há nada no mundo que me faça mais feliz.
Escrever aquela longa carta de amor ferido, onde voce termina, mas deixa na cara que ama.Estas cartas normalmente consomem horas de choro, umas tres páginas de lição de moral, uma palavra que se repete umas 30 vezes e no final voce não sabe se manda encadernar e entregar junto a um buque de flores, ou algo mais dramático, escreve umas dez
páginas e vai entregar, olha bem no fundo dos olhos daquele filho da puta que está te atrapalhando a felicidade e rasga folha por folha numa cena que provavelmente só foi prazerosa pra voce.
Fico imaginando o mesmo filho da puta catando os pedaços no chão, enquanto voce vira as costas e anda reto de cabeça erguida. O problema é que depois de tantas horas seguidas sem dormir escrevendo aquilo, provavelmente o fulano de tal nem abaixaria para pegar as palavras, e mesmo que o faça, não vai entender nada do que está escrito.
Por pouco não fui injusta e escrevo que isso nunca me aconteceu, pois bem, aconteceu, claro que a carta não tinha 10 páginas e pra falar a verdade nem era tão sofrida assim.E o filho da puta pegou, juntou, me puxou pelo braço e tentou me convencer de como eu estava fora de mim.E convenceu. O que fatalmente estragou a parte da cena de sair andando
vitoriosa, linda e plenamente com a razão.Tudo misturado, nem sei ao certo de qual filho da puta estou falando, foram tantos, e mesmo o que ele não fez, passou a ser de autoria dele, ou do outro, pode ser até do que está por vir.
Deve ser por isso que sangra, já tive muito amor, e acabo sempre por me sentir culpada, culpada por querer sempre uma loucura, uma invasão, o tal do frio na barriga.
Aí jogo fora, infernizo a vido do fulano ou simplesmente deixo de amar.
Peraí, não é bem assim, nada é tão assim, meu primo já dizia, um relacionamento é feito de duas partes, portanto não se julgue o tempo todo. Amar, só se for a dois?

Viu querida bailarina, a temática é sempre a mesma.
Começei lá em cima dizendo que queria matar alguém e essa frase me ocorreu, não por um amor, e sim por causa da falta de assunto da revista de domingo.
Não sei se vc já deu uma olhada nela hoje, mas parece que a colunista pseudo analista amorosa resolveu soltar mais uma daquelas frases de mulheres mega sucedidas amorosamente, que com muita careta e testa franzida transcrevo aqui:
Detalhe das aspas - " Só convivendo amigavelmente com a finitude, a liberdade, a solidão e a falta de sentido da vida é que conseguiremos atravessar os dias de forma mais alegre e desassombrada."
Só não transcrevo fielmente pois não sei destacar as palavras com outra cor.

Será que ela toma doses de vodka no sábado a noite, sozinha no bar,para escrever isso ! Pior, quem é o editor que deixa publicarem isso em pleno domingo, dia que provavelmente ela está fazendo compras no shopping, ou almoçando em família, enquanto eu passo os olhos nessa frase e desisto de folhear a revista, que por sinal está cheia de propagandas bizarras, inclusive a da página ao lado da coluna:
- promoção CASA NOVA- 10 x ou 12 x sem juros-
TRANSFORME SEU ALMOCO DE DOMINGO EM UM SHOWROOM DE DOMINGO
Só rindo muito mesmo, decidi, só vou ler as propagandas hoje. Afinal é a alma do negócio.

Definitivamente não levo jeito pra coisa.E definitivamente ela também não, a única diferença é que não perturbo as pessoas com toda essa baboseira.

Pra que vou me propor a escrever se a bailarina já faz isso tão bem.
Acho que devia me apaixonar mais uma vez, e provavelmente mais várias vezes, pois se tem alguma coisa que nunca é a última é a paixão, assim ao menos tenho como sempre uma estória nova pra contar a ela no próximo chopp.

Quando eu descobrir a quem matar te informo.

MK

2 comentários:

Julieta disse...

a temática é sempre a mesma e é por isso que nós, os obssessivos, nos damos tão bem!

Julieta disse...

(e não esqueça a minha proposta dos cartões!)