quinta-feira, 20 de março de 2008

Os tais vagabundos iluminados

Japhy:Bom, Coughlin, seu insuportável, o que tem feito?
Coughlin:Nada.
Alvah:Que livros esquisitos são estes aqui?Hmm,Pound, voce gosta de Pound?
Japhy: A não ser pelo fato de esse ser detestável ter acabado com o nome de Li Po ao chamá-lo por seu nome japones e toda aquela tagarelice, ele era OK...aliás, é meu poeta preferido.
Ray: Pound?Quem é que vai querer transformar esse louco pretencioso em seu poeta preferido?
Japhy: Beba mais um pouco de vinho, Smith, voce está falando besteira.Quem é seu poeta preferido, Alvah?
Ray: Por que voces não perguntam qual é o meu poeta preferido, eu entendo mais de poesia do que todos voces juntos.
Japhy: É mesmo?
Alvah: Pode ser.Voce não viu o livro de poesia novo do Ray, que ele acabou de escrever no México..."a roda da concepção tremelicante da carne gira no vazio expulsando piolhos, porcos-espinhos, elefantes, pessoas, poeira de estrelas, tolos, bobagens..."
Ray:Não é nada disso!
Japhy:Falando de carne, voces já leram o poema novo de...
Etc.etc.e a coisa afinal se desintegrou em uma festa maluca de conversa e de gritos e finalmente de canções com gente no chão de tanto rir e terminou com Alvah e Coughlin e eu tropeçando de braços dados pela calma rua universitária, cantando "Eli Eli" a plenos pulmões e derrubando o garrafão de vidro, enquanto Japhy ria parado na sua pequena porta.Mas tínhamos feito com que ele perdesse sua noite de estudos e eu fiquei mal com isso, até a noite seguinte, quando ele apareceu de repente no nosso chalézinho com uma garota bonita e entrou e disse para ela tirar a roupa, o que ela fez na hora.

parte_os Vagabundos iluminados_Jack Kerouac

Os tai vagabundos iluminados, surtados e interessantes, não sei ao certo para quem, resolveram dar o ar da graça.
E mais rapidamente ainda, as vagabundas, em excesso, estacionaram os quadris no balcão de bar, se posicionaram no centro da pista de dança, e dançaram. Uma, duas, tres, dez músicas sem ouvir o som.
A roda tremelicante de toda aquela carne estava nas pernas expostas, nas costas nuas, nos seios, nos braços e nucas brancas.Dançando do vácuo criado entre o ar que cada ser respirava enquanto a música rolava.
Não se falava de carne. A própria dialogava.
Palavras no ar rarefeito, na fumaça dos fumantes, completamente soltas no líquido transparente e presas nos copos longos.
Essa era a parte dois.

- E aí? O que voce tem feito?
- Nada.Ou um monte de nadas que acabam formando um tudo.
Clima do rapaz de calças xadrez - Eu entendo mais de arte que voces todos juntos...
E eu não entendo de nada e apenas observo.
Tagalerices a parte, cada vez mais entendo menos desse tudo.
- Voce já viu o blog do fulano?
- Ah! O trabalho dele é incrível.
Corpos e copos espalhados e poesia nas paredes, nos olhares aflitos em ver e ser visto.
Algumas pessoas queridas, algumas cores vibrantes.
Numa parte um de euforia.

A parte final, já me esqueci de comentar, ficou solta nas entrelinhas de um bilhete.


MK

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