sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara.Ninguém me perdoaria se soubesse que eu sei o que elas são, o que elas eram."

Caio Fernando Abreu
Sim era 2009.Identidade ainda um dos tópicos dos jornais de domingo, então veio o famoso papo do novo, novamente e e sempre com a mesma descrença.
Qual seu filósofo preferido?
Epicuro, ele respondeu.
III ou IV a.c.Seria isso?Desconheço!
Ah! Ok, Platão pode ser o segundo.

Como valor estético não sei se funciona.Autenticidade entra para a infinita lista das coisas que não posso catar, tocar e definir.
Se era novo ou não, se perdeu na corrente árdua e áspera do tempo em que era possível filosofar.
Vi as orelhas da morte e as orelhas de livro acabam dando nervos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Des-condição--------Fiquei

Trago boas novas
estava condicionado,
seria assim
Eu iria por mim mesma e não mais por você,
então descondicionei.
Fixei outros olhares, iria por você esquecendo de mim mesma.
Somente por ti e me vi condicionada mais uma vez
a mim
e nada entendi
Estava disposta a ir por mim.

Perdi o trem que levava a você
e me tirava de mim

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Então fiquei nos sete passos que não demos
Andei pelos trilhos e parei
na estação anterior
A porta de entrada
não sei o que me espera
no caso de faltar luz,
pulo a janela lateral ou a do banheiro
Talvez volte por outra estrada
parada, na estação que tu deverias estar
sinto muito
não está
mais nas tuas mãos,
talvez, nunca estivesse
iria apenas, simples
resgatar.

Fiquei

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Prateleiras

Aos teus pés
em país estrangeiro.
Uma grande risada
Mais uma vez estavas certa, ela é boa,
muito boa, escreve.
Fecho para não me contaminar

A boca escancarada do dia resolveu se mudar
e fixar residência na estante da sala.
Em cada prateleira
uma boca, vezes olhos, vezes boca,
nunca nariz

O olfato se mudou de apartamento
ou quem sabe se perdeu num aeroporto

O fato é que ela era boa
Fechei dentro e debaixo do vestido,
entre um seio e outro
pulsava
entre as dormencias esmagadas da rotina

As bocas sumiram.
Filho da mãe!
Além do cheiro,
roubastes uma parte do meu ouvido.

Suspiros desastres

Tento, concentro
algo raivoso ao ler outras
palavras
Denunciam tudo que não tens
do estágio profundo da loucura

Leio o seu descaso no acaso bem casado
de outro alguém,
profundo,
aberto,
amigável,
amoroso

E volto a calmaria
Na reviravolta final
estatelado entre os espaços

Ela segura pelas mangas da camisa
e pede que ele se entregue

Revolte-se,amigável,
definitivamente você não foi

Solta os braços
deixa que vá
e volta
correndo,
sem cacos de vidros nos pés
e um pouco de suspiros desastres
no rombo lá do asfalto rachado de frio
que o beijo deixou

ou a falta de

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Your words in my eyes

How far is it?
Revolving, the sound
in your words

Absence!
I have to get across
I am dragging my body

Quietly through destinations.
I am a letter
I fly to a mouth, your two eyes.
Will there be fire?

Pumped ahead by brains
The next hour

That is enough babble from me
one day, you had that
enormous,
like a criminal
nothing enough
our crime should be
at
in always
never
some steps
I shut my eyes and all the words are dragging
I cannot undo myself
it is screaming
today is gonna be
Insane for the destination

crashes
Whose mouth I want to fill it with and
through my villages
you can also leave when ever you want
maybe hopefully at some point
Two of us in a place
hiking along the train tracks
Steaming

Running from the pieces of glas
no one
planning the time like a refresh
sophisticated
Should be grand and full of
raw passion
not putting
for a couple days
We dreamed their agreements

depthful,
closing eyes and breathing your smell
the time is trying to stole
transfering my self into Aguas claras,
a huge lake, just one light
the place in which images
near by
we arranged with the lady the night before
the way you said
The face at the end
satisfied
arrows

back to words
in the jail of letters
without smell
an arbitrary blackness into and after
not always
the sun came up
it was a magical walk
3 hours without speaking
I shut my eyes and we were
face to face,
shapes of our silence
she turns her face away
Your eye is the one
the first
absolutely

the doors opened
the new structures just
children would be walkiing their cows and black sheep..having fun
in the clearing air.
sweet lemon
then spent hours in
We never woke up

backing to my house
tired i sleept withou shower
without pain
without wrinkle
just tired
i realised how boring is
make the bed alone
It is hot here and i m cold
sickness
of smoking cigarettes
of the distance, our choices
this dark
they made it
waiting to solve
obstacles

next walk with you
At least when spring comes...

the fire's between us