quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Prateleiras

Aos teus pés
em país estrangeiro.
Uma grande risada
Mais uma vez estavas certa, ela é boa,
muito boa, escreve.
Fecho para não me contaminar

A boca escancarada do dia resolveu se mudar
e fixar residência na estante da sala.
Em cada prateleira
uma boca, vezes olhos, vezes boca,
nunca nariz

O olfato se mudou de apartamento
ou quem sabe se perdeu num aeroporto

O fato é que ela era boa
Fechei dentro e debaixo do vestido,
entre um seio e outro
pulsava
entre as dormencias esmagadas da rotina

As bocas sumiram.
Filho da mãe!
Além do cheiro,
roubastes uma parte do meu ouvido.

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