segunda-feira, 17 de novembro de 2008

coisas antigas

RELATO DE UMA SEMENTE MAL PLANTADA

Tens olhar denso
Sorriso largo que a muito deixou
de se escapar.
Que boca é essa que não reconheço
A pele branca perdeu o macio
não funcionou
ela não quer,
não pode,
não consegue,
já nasceu abortada.

Mesmo que o ventre a quisesse
o ar veio pra sufocar.
Desde esse dia respira doses estranhas
dias do pequeno pulmão
de tanta euforia.

Feixes de luz sobre a face mofada
retiram as manchas do bolor
revigora
até que o corpo mostra o aborto
e o ar se torna raro,
escasso, pesado como uma cruz
e ela não quer,
não pode
é apenas uma semente mal plantada.


MK

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PARTE 2

Me enxergas de um jeito que não sou
pudera, vim de ti,
de teu ventre.
Mas me mostro o tempo todo
carrego a raiva,
raiva de mim,de ti, por mim,
por nós
do mundo tão injusto que não me leva
e não me abraça
me ignora
numa recíproca e verdadeira relação

Amor e ódio seriam opostos?
Sempre os tive como complementares
angulos dependentes.
Onde a beleza de um
só existe na força destrutiva do outro.

Me enxergas numa ilusão
Não estou mais aqui
A muitos e muito anos me despedi

MK

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